Eu estava em Salt Lake City quando tudo começou.
Falhas na memória. Desvios constantes de atenção. E o pior, lembranças de fatos dos quais não tenho nenhum registro. Mas me lembro de Salt Lake City, onde acompanhei toda a cerimônia de doces e travessuras... sim, era Halloween.
Sem possibilidades de resolver o meu problema, continuei minha viagem praticamente inconsciente pelo mundo e num piscar, estava eu em Milão, na Itália. Lá, me hospedei na mansão da família Stemp, que me acolheu muito bem. Curiosamente me apaixonei por todos ali.
Faltando ainda algumas semanas para o fim da minha licença médica, saltei para a Polônia, mais precisamente na cidade de Lublin. Lublin é uma cidade vermelha... muito vermelha. Passei um bom tempo ali, admirando e observando o dia a dia dos vizinhos. Conclui, que a vida, bem em seu interior, é caótica para todos. Os telefones tocam demais.
Não querendo abandonar aquela vermelhidão, mas já com os dias contados para o retorno ao Brasil, resolvi conhecer rapidamente a França. Me foge o nome daquela cidade, mas unia o preto e branco do cinema clássico com um alto teor de feromônio. Um mundo paralelo envolvendo a juventude, as telas e o sexo.
Ao pousar no Brasil, parecia ter passado pouco tempo fora. Meu problema com a memória estava em estágio avançado e não soube descrever sobre a viagem, mais do que estes flashes. De qualquer forma, uma sensação diferente de estar sendo sempre observada através de um quadro luminoso me acompanha desde os EUA... até hoje.